Sequência de fotos evidencia dano ambiental causado por usinas do rio Madeira
paula.peirao@amazonia.org.br
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As fotos foram apresentadas ontem à CPI das usinas do Madeira, na Assembleia Legislativa de Rondônia
Bruno Calixto
Uma apresentação feita pela Associação de Defesa Etno-Ambiental Kanindé à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa de Rondônia, criada para investigar as obras das usinas do rio Madeira (RO), impressionou os deputados estaduais. As fotos mostram o estrago que a usina de Jirau vem causando ao meio ambiente.
As imagens foram apresentadas pela ambientalista e pesquisadora da área de energia Telma Monteiro , representante da Kanindé. A associação foi convidada pela CPI a prestar informações e apresentar documentos que comprovem a existência de irregularidades no processo de licenciamento das usinas do Madeira e impactos sociais e ambientais causados pelas obras.
"As imagens das obras de Jirau mostram claramente os danos que o empreendimento tem causado. As últimas fotos são avassaladoras, e os deputados ficaram mudos ao ver o estrago", explica Telma.
A pesquisadora também apresentou estudos e respondeu perguntas dos deputados. "Nós trouxemos muitas informações e documentos que os deputados desconheciam, como as fichas de resumo da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), sobre as hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, que mostram custos ambientais no valor de R$ 1,2 bilhão para cada usina. Os deputados quase caíram da cadeira quando viram essas cifras", explica Telma.
Reprodução de parte da ficha de resumo de Santo Antonio, produzido pela Aneel, que apresenta um custo ambiental de R$ 1,2 bilhão
A ambientalista cobrou da CPI que peça explicações aos consórcios responsáveis pelas obras sobre os custos ambientais do projeto, já que a Aneel aprovou esse documento, assim como os estudos de viabilidade da usina, sem que fossem explicados os critérios utilizados para se chegar a esse valor.
A pesquisadora também denunciou problemas envolvendo a contaminação do rio por mercúrio, o aumento da malária e a mortandade de peixes, além de impactos sociais, envolvendo índios e ribeirinhos. "As usinas têm causado violações dos direitos humanos, dano às terras indígenas e principalmente a tribos de índios isolados".
A equipe da Kanindé participou de uma operação junto com a Fundação Nacional do Índio (Funai), que fez o levantamento de índios isolados existentes nas unidades de conservação Mujica Nava, Serra dos Três Irmãos e Mapinguari. Lá, encontraram vestígios da presença de indígenas isolados. Oito índios- seis homens e duas mulheres-foram vistos por garimpeiros que estão invadindo a região.
Veja a sequência de fotos do dano ambiental causado por Jirau:
Local de construção da usina de Jirau em outubro de 2008, antes do início das obras
Março de 2009, antes da Licença de Instalação (LI) ter sido concedida
Maio de 2009
Vista geral da usina após a conceção da Licença de Instalação, em junho de 2009
Julho de 2009
Desmatamento causado pela usina na área de conservação Rio Vermelho, antes da concessão da licença pelo governo estadual
Novembro de 2009
Início da concretagem, em Dezembro de 2009